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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Filtros coloridos no tratamento da dislexia do desenvolvimento

A chamada Síndrome de Meares-Irlen é caracterizada por sintomas de pressão nos olhos, dores de cabeça e distorção da imagem durante a leitura. Acredita-se que seja uma condição relacionada ao “stress” visual resultante da hiperexcitabilidade do córtex visual. Alguns autores diferenciam esta síndrome dos demais problemas oculares como vícios de refração mal corrigidos (miopia, astigmatismo e hipermetropia), anormalidades da visão binocular (como microestrabismos, insuficiência de convergência, etc) e problemas da acomodação visual Evans, BJ - The need for optometric investigationin suspected Meares-Irlen syndrome or visual stress. Ophthalmic Physiol Opt, 25(4):363-70, 2005 Jul.

A causa do problema ainda é mal estabelecida. Alguns trabalhos relacionam a Síndrome a um problema de hereditariedade e outros a uma disfunção do sistema imunológico provocada por alterações na taxa das gorduras sangüineas. Robison, GL et cols. A biochemical analysis of people with chronic fatigue who have Irlen Syndrome: speculation concerning immune system dysfunction. Percept Mot Skills:(93)2:486-504, 2001 Oct.

No século passado alguns autores chegaram a sugerir que esta síndrome fosse incluída no diagnóstico diferencial da Dislexia do Desenvolvimento. J.Learn.Disabil. 28 (1995) 216.

O tratamento proposto para esta Sindrome foi a prescrição de filtros coloridos, quer na forma de óculos, quer na forma de folhas plásticas coloridas sobrepostas na folha de leitura, quer na forma de marcadores de texto coloridos. Tewes,W.D. Irlen lenses J Am Optom Assoc.62(8):585-6, 1991 Aug.

Trabalhos recentes mostram que os filtros aumentam o rendimento de leitura em apenas 3,8% tanto em adultos quanto em crianças. Evans,B.J; Joseph, F. The effect of coloured filters on the rate of reading in na adult student population. Ophthalmic Physiol Opt: 22(6):535-45, 2002 Nov.

Outros trabalhos mostram que a maioria dos pacientes que receberam tratamento adequado dos problemas oculares existentes apresentaram melhora dos sintomas e aumento na performance.- Aziz,S et cols:Are orthoptic exercises na effective treatment for convergence and fusion deficiencies? Strabismus 14(4):183-9.2006 Dec

Trabalhos realizados pelo setor de Oftalmologia do CRDA também não mostram efetividade do uso de filtros em portadores de dislexia. Nestes as lentes prismáticas de baixa potência têm mostrado resultados surpreendentes (48% de melhora na performance de leitura). Sampaio,P.R.S:Contribuição para o tratamento da dislexia: o uso de lentes esfero-prismáticas na leitura.São Paulo. S.n 2003.(104) p.ilus, tab, graf.
O que é Audição





Para conseguirmos ouvir necessitamos da integridade de todas as estruturas do no sistema auditivo. As estruturas envolvidas no processo da audição são didaticamente divididas em três grupos, o ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno.

1- O ouvido externo é composto pelo pavilhão auricular e o canal auditivo.
2- O ouvido médio é formado pela membrana timpânica e, a cadeia ossicular ( martelo, bigorna e estribo).
3- O ouvido interno é composto pela cóclea e os canais semicirculares.

Como ouvimos os sons?

O pavilhão auricular é responsável por captar os sons provenientes do ambiente, que são conduzidos pelo canal auditivo até chegar a membrana timpânica. O tímpano recebe então esta vibração vinda das ondas sonoras e, a transmite aos ossículos, movendo o martelo que faz vibrar a bigorna e por sua vez vibra o estribo. O estribo está anatomicamente ligado à cóclea pela janela oval (pequeno orifício), que lhe transmite o sinal elétrico. A cóclea está conectada ao nervo vestíbulo-coclear, VIII par craniano, que envia a este o impulso nervoso. O impulso nervoso é conduzido ao centro de audição do córtex cerebral, que é responsável por interpretar estes sinais nervosos.


O que é Processamento Auditivo Central (PAC)?

“Processamento auditivo se refere aos processos envolvidos na detecção, na análise e na interpretação de eventos sonoros. Estes processos acontecem no sistema auditivo periférico e no sistema auditivo central. É desenvolvido nos primeiros anos de vida, portanto é a partir da experienciação do mundo sonoro que aprendemos a ouvir.”

É o processo de decodificação das ondas sonoras desde a orelha externa até o córtex cerebral, ou seja, a capacidade de analisar, associar e interpretar as informações sonoras que nos chegam pelo sentido da audição.


Quais são as habilidades auditivas centrais testadas?

Como ainda não conseguimos identificar com detalhes como o sistema auditivo realiza o processamento auditivo, identificamos algumas habilidades que devem ser testadas:

Atenção seletiva: é a capacidade de selecionar estímulos, é avaliado através de estímulos verbais de escrita dicótica.

Detecção do som: é a capacidade de perceber, identificar a presença de um som , é avaliado através de audiometria , discriminação vocal , timpanometria e pesquisa de reflexo.

Sensação sonora: é quando um estímulo é recebido pelo sentido da audição , é quando o indivíduo tem a sensação se o som é alto ou baixo , forte ou fraco ,longo ou curto.

Discriminação: é o processo de detectar diferenças entre os estímulos sonoros.

Localização: é saber local da origem do som, é avaliado através da localização sonora em cinco direções.

Reconhecimento: requer aprendizado, é avaliado através de logoaudiometria pediátrica, para o reconhecimento de frases na presença de mensagem.

Compreensão: dar significado ao som escutado.

Memória: arquivar informações e recuperá-las quando houver necessidade , é avaliado através de memória seqüencial para sons verbais (pa ,ta, ca) e não verbais (guizo, coco, sino, agogô).


O que é um distúrbio do processamento Auditivo Central (DPAC)?

“É uma falha no desenvolvimento das habilidades perceptivas auditivas”; mesmo com audição normal, é totalmente diferente de perda auditiva. Em geral encontra-se associado a dificuldades de aprendizagem.

Crianças portadoras de distúrbio de aprendizagem tem dificuldades em vários aspectos do processamento auditivo lingüístico e apresentam falhas cognitivas .É possível que comprometimentos lingüísticos ou cognitivos possam ser resultantes de problemas perceptuais.

Sintomas do Distúrbio do processamento Central Auditivo (DPAC):

- Apresenta dificuldade em manter atenção aos sons;
- Dificuldade em escutar em ambientes ruidosos;
- Dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita;
- Dificuldade em compreender o que lê;
- Necessidade de ser chamado várias vezes ("parece" não escutar);
- Não entende o que foi dito;
- Solicita com freqüência a repetição das informações: Ah? O quê? Pode repetir?
- Dificuldade em entender expressões com duplo sentido ou piadas ou idéias abstratas;
- Dificuldade ao dar um recado ou contar uma história;
- Problemas de memória para nomes, datas, números e etc;
- Dificuldade em acompanhar uma conversa, aula ou palestra com outras pessoas falando ao mesmo tempo;
- Problemas de fala (troca /L/R/S/E/CH/), principalmente os sons /R/ e /L/;
- Alterações de pronúncia;
- Dificuldade em localizar a origem dos sons.
- Dificuldades com o significado das palavras;
- Inversões de letras;
-Dificuldade em associar letras do alfabeto com seus respectivos sons;
- Rendimento escolar Inferior em leitura, gramática, ortografia, matemática;
- Dificuldade em aprender uma língua estrangeira.


O que pode causar o DPAC?

- Genética, um grande número de casos é hereditário, pais e filhos apresentam características semelhantes;
- Otites freqüentes durante os 3 (três) primeiros anos de vida (Processos alérgicos respiratórios, tais como sinusites, rinites e até mesmo refluxo gastro-faríngeo estão comumente associados);
- Permanência em UTI-Neonatal por mais de 48 horas;
- Experiências auditivas insuficientes durante a 1ª infância.

Os sintomas comportamentais de crianças encaminhadas para a avaliação do PAC:

Crianças com alteração de comportamento, de atenção e dificuldades auditivas não orgânicas.
Crianças com suspeita de distúrbio de aprendizagem, cuja queixa é apresentada pelos pais ou professores.
Crianças encaminhadas por apresentarem distúrbio de comportamento social.

Laura Niquini de Faria Fonoaudióloga do Hospital de Olhos -CRFa. 6143/MG

Síndrome de Irlen

A descoberta da Síndrome de Irlen, cujo foco está no processamento visual e na sensibilidade à luz, disponibilizou aos profissionais uma ferramenta que ameniza as dificuldades. Estas ferramentas são os chamados “overlays” ou lâminas de contraste e os filtros espectrais que proporcionam conforto na leitura e mais concentração a esses pacientes. O ganho com esse novo método nos faz entusiastas desse recurso, mas, de alguma forma, nos leva a outra inquietação: o que mais podemos fazer para melhorar as dificuldades de aprendizagem relacionadas à leitura e escrita dessas pessoas?


“Não sabe se organizar”, “é desatento”, “começa e não termina uma tarefa”, “é impulsivo”, “tem boas idéias, mas não consegue colocá-las no papel”, “estuda, mas não consegue tirar boas notas na escola”, “não compreende o que lê” isso sem falar na auto estima comprometida. Essa é uma realidade que encontramos quando se trata de pessoas com dificuldades de aprendizagem.


Na experiência do consultório atendo pacientes com dificuldades de aprendizagem e outros que usam os filtros espectrais e apresentam dislexia. Os filtros liberam essa pessoa do esforço e do desconforto tornando-as mais atentas e menos estressadas no que se refere ao visual. Já o PEI (Programa de Enriquecimento Instrumental), criado pelo Prof Dr. Reuven Feuerstein, desenvolve e aprimora as operações mentais que estão deficientes e que impedem um bom desempenho acadêmico ou profissional. São elas: o trabalho com mais de uma fonte de informação, análise e síntese, percepção visual, orientação espaço-temporal, dentre muitas outras (Gomes, 2002). E a mais importante delas: o sentimento de competência.

Dislexia de Leitura

O que é

É uma dificuldade relacionada à manutenção da atenção, compreensão e memorização e à atividade ocular durante a leitura levando a um déficit de aprendizado.

A Dislexia de Leitura afeta pessoas de todas as idades, com inteligência normal ou superior à média e está relacionada a uma desorganização no processamento cerebral das informações recebidas pelo sistema visual.

Devido ao esforço despendido no processamento das informações visuais, a leitura torna-se mais lenta e segmentada, o que compromete a velocidade de cognição e a memorização, produzindo cansaço, inversões, trocas de palavras e perda de linhas no texto, desfocamento, sonolência, distúrbios visuais, dores de cabeça, irritabilidade, enjôo, distração e fotofobia, após um intervalo relativamente curto na leitura.

Embora a causa da dislexia de leitura esteja relacionada às alterações neurobiológicas no processamento cerebral, problemas oculares contribuem significativamente para os sintomas da dislexia, pois estima-se que 85% de todo o aprendizado dependa das informações recebidas através do sistema visual. A avaliação oftalmológica dos pacientes disléxicos deve ser dinâmica considerando a atividade ocular durante a leitura e o esforço contínuo de foco para longe, perto e distâncias intermediárias (quadro negro, livros e cadernos e computador), o fluxo de informações constante e a percepção e cognição cerebral.
Este fluxo deve se processar, de maneira contínua através de movimentos sacádicos e fixações que refletem o estilo de leitura de cada pessoa, e que independem até certo ponto da dificuldade do texto. O estilo de leitura é caracterizado através do DPLC - diagnóstico padrão de leitura e cognição. Através do DPLC, a eficiência da leitura, aprendizado e memorização são obtidos antes e após o uso do filtros seletivos. No Hospital de Olhos, o DPLC é obtido através do rastreamento da atividade ocular dinâmica, associada a testes da visão funcional, contraste, estereopsia e fotosensibilidade e são sempre precedidos por laudos neuro e psicopedagógicos, já que a abordagem da dislexia de leitura é sempre multidisciplinar.


Tratamento pelo método Irlen

O tratamento da dislexia de leitura é multidisciplinar e deve ser acompanhado por psicólogos, pedagogos, neuropediatras, entre outros profissionais.

A contribuição do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães está no Exame Neurofisiológico do Processamento Visual, que servirá como referencial na caracterização da Dislexia de Leitura e no acompanhamento da evolução escolar e profissional. Este confirmará a validade ou não da adoção de Filtros Seletivos (que podem ser únicos ou múltiplos) para cada paciente.
O Exame Neurofisiológico consta de uma série de 8 exames onde são avaliadas as funções dinâmicas oculares, o processamento do Sistema Magnocelular, além das funções cognitivas no processo de leitura e dura em torno de 4 horas no mínimo. A avaliação final é feita considerando os relatórios já emitidos pelos demais profissionais envolvidos no acompanhamento destes pacientes e pede-se, inclusive, o preenchimento prévio de um questionário pela professora que acompanha este aluno, caso se trate de um estudante.

Esse exame já é realizado no Hospital há quatro anos e tem ajudado diversas crianças, jovens e adultos em processo de aprendizagem e em suas atividades profissionais. Uma vez caracterizada a dificuldade, receitamos óculos com Filtros Seletivos espectrofotocromáticos, fabricados nos EUA sob prescrição individualizada; que melhoram significativamente a velocidade da Leitura, compreensão, cefaléias, fotossensibilidade, segurança na deambulação, etc.